S. Pedro do Sul: Pedida cassação de prefeito eleito

«20/11/2008

Foi em São Pedro do Sul, onde, segundo a Promotoria de Justiça, houve compra de votos por parte do candidato Marcos Senger.

O Ministério Público de São Pedro do Sul ingressou com representação eleitoral por captação ilícita de sufrágios contra o prefeito eleito do Município, Marcos Ernani Senger, a vice-prefeita, Elaine Luci dos Santos Pereira, e outras cinco pessoas, duas delas candidatas ao cargo de Vereador no pleito de Outubro. O promotor de Justiça Davi Lopes Rodrigues Júnior pede a cassação do registro de candidatura ou diploma dos candidatos eleitos, além do pagamento de multa para todos os denunciados.

De acordo com o Ministério Público, ficou comprovado que, em Junho de 2007, o prefeito eleito Marcos Senger, na época Presidente da Câmara Municipal de Vereadores, patrocinou o evento denominado Ronda de São Pedro, com apresentação de um famoso cantor e trovador do Município. Na oportunidade, por meio de rimas e versos, o artista, ainda que de modo informal, lançou a candidatura do patrocinador do evento a Prefeito Municipal: “...que o Marcos já demonstrou, que és um sujeito direito, por tudo que ele é, por tudo o que já tem feito, não vai pensar que é só pago, que eu tô levando no peito, mas na próxima eleição, nós te queremos é pra prefeito...”, diziam os versos contidos em gravação apresentada à Justiça.

Fato posterior, em 14 de Dezembro de 2007, o mesmo artista foi agraciado, por proposição do então vereador Senger, como vulto emérito de São Pedro do Sul, em sessão solene na Câmara Municipal de Vereadores, tendo, inclusive, participado e animado a festa de aniversário de Senger em maio deste ano. “O artista em questão passou, no decorrer do período eleitoral, a ser figura constantemente vista no Município, apresentando-se cada vez mais em eventos locais, freqüentemente chegando na companhia do candidato eleito”.

FESTA NA VÉSPERA DA ELEIÇÃO

Em 4 de Outubro de 2008, um dia antes das eleições, ocorreu um grande evento na localidade conhecida como Passo do Barroso, “paragem de pessoas humildes”, explica o promotor Davi Rodrigues Júnior. Mais uma vez, o referido cantor e trovador marcou presença. As festividades, com farta distribuição de carne, bebidas, pagamento de condução para os convidados, contaram com a presença do irmão do Prefeito eleito e de candidatos a vereador pela coligação “São Pedro para Todos”.

“A existência de propaganda visível de Marcos Senger, da presença do seu irmão, de candidatos a vereador e do artista amigo e colaborador, que, mais uma vez, fez rimas com conotação de pedidos de votos, permitem concluir o verdadeiro beneficiado pela realização da festa”, explica o promotor Davi Rodrigues Júnior.

Nas investigações do Ministério Público, foi possível averiguar, ainda, que o Prefeito eleito, por meio do candidato a vereador conhecido como “Pinóquio”, custeou a confecção de camisas para que integrantes do piquete Bom Retiro do Xiniquá utilizassem nas comemorações referentes à Semana Farroupilha. Também com o intuito de obter votos, doou um forno à lenha para a Comunidade de Navegantes, no valor de R$ 900, distribuiu rancho à uma cidadã e doou um par de chuteiras para cada uma das atletas do time feminino de futebol “Entre Amigas”.

Ricardo Grecellé
Agência de Notícias - MP/RS»

Para os que não sabem, do outro lado do Atlântico, no Rio Grande do Sul, Brasil, existe uma cidade com o mesmo nome da nossa: S. Pedro do Sul. Com excepção do número de habitantes, que é sensivelmente o mesmo do nosso concelho, tudo o resto é diferente, como o artigo que transcrevi o demonstra.

Na verdade, não temos Prefeito. O cargo mais parecido, o de Presidente da Câmara, nunca foi alvo de nenhum procedimento equivalente ao de «cassação do registro de candidatura ou diploma dos candidatos eleitos». Não foi e, adianto eu, nem poderia ser.

Primeiro, porque na nossa cidade ninguém é beneficiado apenas e tão só porque é apoiante do senhor presidente da Câmara Municipal, não sucedendo, evidentemente, o contrário. A título exemplificativo, os empregos atribuídos são sempre objecto de aturados e detalhados concursos, para que não subsistam dúvidas, sendo a contratação feita apenas pelo mérito e necessiidade dos candidatos. É por isso que são poucos funcionários da CM ou da Termalistuir que são simultaneamente candidatos pelas listas do partido a que pertence o senhor Presidente da CM.

Para os maledicentes, o facto de, ultimamente, se ter verificado a contratação de muito pessoal nas termas e na CM, apenas se deve a mera coincidência. Porventura dever-se-á ao plano de contigência contra a gripe A, que exigirá um grande, enorme número de novas contratações.

Segundo, em S. Pedro do Sul (a nossa), não há festividades com distribuição de carnes e bebidas, tão pouco com condução dos convidados. E não se diga que a ausência de picanha no nosso concelho, algo que, certamente, no S. Pedro do Sul brasileiro abundará. Quisesse o senhor Presidente da Câmar de S. Pedro do Sul fazer festas de porcos e vinho e poderia fazê-lo. Era só querer e tínhamos um rol de porcos no espeto e vinho de garrafão a ser distribuído. Isto só não acontece porque o nosso presidente não é homem de deitar dinheiro fora com festas. Muito menos em épocas de crise, como a que vivemos no país e no mundo.

Se nem as festas da nossa cidade foram gratuitas, pois que todos pagámos os bilhetes de ingresso a peso de ouro, como o poderiam ser a carne e a bebida. Era o que faltava. O nosso presidente é pessoa criteriosa com os dinheiros públicos. Não queriam, certamente, que esbanjasse 125.000,00 € ou 150.000,00 € em festas à borla para os munícipes. E, mesmo que quisessem, ele não o faria, pois saberia que alguém, menos bem-intencionado, poderia dizer que isso apenas sucedia por ser um ano de eleições.

É nestes momentos que me apraz ter uma presidente tão diferente daquele que existe, supostamente, no Rio Grande do Sul.