terça-feira, 15 de setembro de 2009

FORA ISSO, TUDO BEM!

Com alguma frequência, a produção científica e o saber do senso comum desencontram-se. Não é, de todo, o caso no estudo da Universidade da Beira Interior sobre os municípios portugueses! Se credibilidade e rigor científico faltassem ao estudo – e não faltarão, por certo, ou não tivesse este a chancela de uma Universidade respeitável, e a direcção de um académico de renome (o Prof. Doutor Pires Manso), haveria o senso comum para corroborar a descida de mais de 40 posições de São Pedro do Sul para o nada honroso 261º lugar! De Manhouce a Figueiredo de Alva, de Covas do Rio a Pindelo dos Milagres, as pessoas sentem essa descida, em queda livre, na pele!


Tivesse a Câmara Municipal tido rasgo, nestes últimos 10 anos, para pensar e executar um projecto sustentado de desenvolvimento integrado de todo o concelho – em vez de encetar obras e acções, que admito que bem intencionadas, mas avulsas e desorganizadas – e teríamos, hoje, um concelho totalmente coberto pela rede de saneamento básico e água ao domicílio (é uma questão ELEMENTAR de desenvolvimento social, em pleno sec. XXI e, um direito inalienável das pessoas, vivam elas na Quinta da Marinha ou num concelho do interior!). Tivesse tido São Pedro do Sul, nestes últimos 10 anos, um plano sustentado de desenvolvimento e, tenho para mim, teríamos, hoje, um concelho com ligações viárias condignas à A24 e A25 (ou não é, economica e socialmente, “suicida” permanecer “enclausurado” na era da globalização?); um concelho com condições para atrair o dinamismo do investimento privado, que cria emprego (não dava um empurrãozinho, uma maior proximidade às A24 e A25?), e um concelho capaz de diversificar o seu turismo (com nichos de segmento superior, por exemplo, como acontece em Vidago e Pedras Salgadas)…

A última década tem sido, para São Pedro do Sul, uma sucessão de oportunidades perdidas, de recursos gastos a mudar o acessório, deixando na mesma o essencial. Foi esta política do “mudar as coisas para que tudo fique na mesma” que nos conduziu a esta autêntica “promoção pelas escadas abaixo”…

Fora isso, tudo bem!*


*expressão inspirada no Sr. Comentador, Antena 1 (Carlos Quevedo e Rui Unas)

José António Sargento, Candidato à Assembleia Municipal

1 comentário:

  1. Ora aí está uma pertinência real e concreta.
    Em Africa as ONG esforçam-se para colocar água ao dispor das populações.

    Isto vai de encontro a quem, para ter água em casa, e ainda somos muitos, necessita de a ir buscar a km de distância por sua conta e risco. Mas pior, se por ventura precisa de passar os canos numa estrada asfaltada ainda tem de pagar a taxa ao município.
    Quem é que constrói uma casa onde não tem água à disposição? (Haverá sempre alguém que resiste, haverá sempre alguém que diz não”). Saberão por ventura quanto custa meter água em casa quando tem de se comprar uma nascente, o terreno que a sustenta , e suportar a canalização da mesma durante 3 ou 4 Km? Para cima de um dinheirão… não contabilizando claro a mão-de-obra voluntária das pessoas que solidárias se ajudam umas às outras e o favores que se têm de pedir aos vizinhos para deixarem passar os tubos naquilo que é seu.
    Concelho a duas velocidades, a mais veloz, embora que aos zigues zagues, encontra-se nas imediações da polis, o resto e a assim continuarmos não passará daqui a uns anos a ser não mais que um local onde habitam índios de reserva, onde os habitantes da polis terão de pagar bilhete para entrar e fazer ECOTURISMO (velocidade regressiva)…
    2013 está já aí, vão-se fechar as torneiras, não as de quem as teve sempre fechadas, mas aquelas que permitiriam abri-las, é também RESPONSABILIDADE do actual executivo nunca ter colocado o copo por baixo das mesmas para aproveitar o recurso vital que delas saiu para resolver este problema que até em Africa suscita preocupações.
    È justo que quem não usufrui de um direito inalienável como o de ter água pague IMI, ou não veja a factura do mesmo substancialmente reduzida?
    Fica a sugestão, gostaria de saber a opinião da lista socialista, particularmente a do Dr. José Carlos, afinal penso que este espaço serve para isto.

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