terça-feira, 28 de julho de 2009

UMA VERDADE INCONVENIENTE

Em 2006, o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore realizou 2006 um documentário com o objectivo de alertar a população mundial sobre questões ambientais: Uma Verdade Inconveniente. É sobre uma verdade inconveniente que pretendo escrever. Uma verdade inconveniente sobre S. Pedro do Sul.

Verdade, porque os factos relatados têm a sua génese num estudo elaborado pelo Prof. Doutor Pires Manso, Prof. Catedrático da Universidade da Beira Interior e Responsável do Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social, cuja consulta pode ser feita a partir do site (http://www.dge.ubi.pt/pmanso).

Este estudo, elaborado a partir de dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística, criou um sistema de indicadores estatísticos que visam monitorizar o nível de desenvolvimento económico e social, de bem-estar e qualidade de vida dos municípios.

Inconveniente, porque ao contrário de muitas outras, esta não vai receber nenhum tratamento, filtro ou maquilhagem por parte do Dr. António Carlos Ferreira Rodrigues de Figueiredo e demais membros da sua equipa.

E a dita verdade inconveniente é esta: num total de 278 municípios portugueses, S. Pedro do Sul ocupa o 261º lugar, ou seja, existem apenas 17 municípios piores que o nosso.

No entanto, a péssima posição relativa que S. Pedro do Sul ocupa no ranking elaborado não é o pior desta verdade inconveniente. O pior que este estudo demonstrou foi que, de 2004 até 2006 (ano a que se reportam os dados analisados), S. Pedro do Sul caiu 46 posições, ou seja, em apenas dois anos, a gestão autárquica imprimida pelo Dr. António Carlos Ferreira Rodrigues de Figueiredo, fez-nos cair quase meia centena de lugares.

Para que dúvidas não restem sobre o real significado desta posição, S. Pedro do Sul integra o ranking dos 20 municípios piores classificados, sendo, juntamente com Castro Daire, o único da Região Centro nesta situação.

Com um resultado tão mau, qualquer autarca consciente e rigorosos imprimiria todos os seus esforços imediatos para identificar as causas de tão má qualificação e tentaria inverter a situação. Tentaria empreender todos os actos possíveis para conferir maior qualidade de vida aos sampedrenses. Tentaria assegurar aos seus munícipes o maior bem-estar possível.

Não foi esse, porém, o caminho que o Dr. António Carlos Ferreira Rodrigues de Figueiredo escolheu. De acordo com o Jornal do Centro, o senhor Presidente da Câmara Municipal terá dito que o estudo era um atentado à inteligência das pessoas e que o seu autor era um «charlatão». Como se não bastasse, rematou dizendo que «os municípios têm dignidade» e que «o concelho de S. Pedro do Sul» iria «agir judicialmente contra este pseudo-estudo».

Os tribunais estão ao dispor de todos os cidadãos e instituições para receber todo o tipo de queixas, mas, salvo o devido respeito, melhor andaria o Dr. António Carlos Ferreira Rodrigues de Figueiredo se utilizasse o dinheiro que o recurso à justiça implica na alteração da sua política e dos maus resultados a que nos tem conduzido. Em suma, melhor faria se, efectivamente, devolvesse aos sampedrenses a dignidade de outros tempos, tendo, porém, presente que esta se consegue alcança com trabalho, não com o recurso a acções judiciais contra quem diz a verdade, ainda para mais suportada em estudos técnicos.

Até quando vamos permitir que cheguem ao nosso conhecimento outras verdades inconvenientes?
Daniel D. Martins – militante do Partido Socialista

6 comentários:

  1. Existem aqui duas verdades a lamentar: a inconveniente, fundamentada por um estudo científico; a da falta de respeito por um investigador catedrático, por uma instituição (por acaso, na qual me formei) e pelos seus trabalhos. Concorde-se ou não, é uma falta de respeito a apreciação feita ao autor e ao seu trabalho. Chamar de "charlatão" e "pseudo-estudo", a alguém que está inserido na comunidade científica, não lembra nem ao diabo, é de uma prepotência que não fica bem ao Dr. António Carlos Figueiredo, mesmo que a verdade lhe custe a aceitar.

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  2. Eu por acaso gostava de saber se esse estudo engloba o número de rotundas em cada concelho. Então não é a rotunda o sinal de progresso do nosso país? E olha que a última vez que aí estive verifiquei que a «cidade» vai muito bem no que a rotundas diz respeito. Vai sim senhora.

    RF

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  3. Então e que me dizem sobre a providência cautelar? Quem é o advogado subscritor, o Bandeira Pinho? Assim fica tudo em casa!

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  4. Fantástico. Agora não se pode discutir ideias, dados e factos porque os excelsos autores pertencem à "comunidade cientifica". Vou ler um livro de um académico que negue o holocausto e já volto.

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  5. Oh Zé, se queres discutir verdades científicas, é claro que o podes fazer. Tens é de te manter no campo científico e provar que a tua verdade científica tem apoio. Não podes é oferecer porrada a quem usa uma linguagem e métodos científicos.

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  6. Ó Zé, só por curiosidade, podes-me dizer em que tribunais correram os processos que o estado de Israel levantou contra os autores dos estudos que negam o holocausto?

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