sexta-feira, 31 de julho de 2009

É TUDO UMA QUESTÃO DE ESTILO


Num momento de eleições à porta como o que vivemos, começa o natural debate sobre as diferenças ideológicas entre os dois principais partidos da oposição: PS e PPD/PSD. Muito interessante, sem dúvida, mas não é este o debate que, salvo melhor opinião, está na ordem do dia.


Para além das evidentes diferenças ideológicas, é o estilo que, actualmente, mais separa os dirigentes de cada um destes partidos. O estilo da linguagem. O estilo da postura. O estilo dos discursos. Claro está que, em muitos casos, a questão não se pode reconduzir ao estilo, sendo antes um problema de educação, ou falta dela. Vejamos, pois, alguns exemplos.


Começando pelo topo, diz-nos a líder do PPD/PSD, Manuela Ferreira Leite, que, «Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se», acrescentando que «até não sei se a certa altura não seria bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia».


Continuando por outro líder, desta feita do PPD/PSD da Madeira, o inigualável Alberto João Jardim defendeu a extinção do representante da República na Madeira e a proibição do comunismo em Portugal.


Outro exemplo, agora proveniente de um ilustre (ou talvez não) deputado deste mesmo partido, eleito pelo círculo de Viana do Castelo, José Eduardo Martins, antigo Secretário de Estado do desenvolvimento Regional, vice-presidente do Grupo Parlamentar. Dirigindo-se a um outro deputado, Afonso Candal, utilizou esta verborreia: «pó caralho, pá», «se queres falar assim comigo falamos lá fora» e «baixa mas é a bolinha».


Começando a aproximar-nos da nossa cidade, Fernando Ruas, Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Presidente da Associação de Municípios, Presidente do Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Viseu e à Assembleia Distrital de Viseu, Membro do Bureau Executivo da Nova Organização Mundial "Cidades e Governos Locais Unidos", Conselheiro do Comité das Regiões, nomeado pela Assembleia da República, Presidente da Mesa Permanente Luso-Espanhola, Vice-Presidente da Mesa do Congresso do Partido Social Democrata, antigo Deputado da Assembleia da República (uff, acabou o cv) não quis ficar atrás e, falando para uma plateia de apoiantes/munícipes em relação a uma brigada de fiscais, fê-lo nestes termos: «arranjem lá um grupo e corram-nos à pedrada».


Como é evidente, o Dr. António Carlos Ferreira Rodrigues de Figueiredo, seguindo os exemplos destes expoentes máximos do seu partido, não quis ficar atrás. Referindo-se a um estudo apresentado pelo Professor Doutor Pires Manso Professor da Universidade da Beira Interior, apelidou-o de «charlatão» e concluiu que se «estivesse em idade disso deveria levar umas bofetadas».



Partindo destes exemplos e assumindo que são como pregam, estamos aptos a desenhar o perfil político defendido pelos dirigentes máximos (nacionais, distritais e concelhios) do PPD/PSD. Para estes senhores, o expoente máximo do político português terá de ser capaz de:


1. Suspender a democracia e mandar em tudo e todos sem discussão;
2. Extinguir as ideologias com que discordar;
3. Mandar os seus pares «”pó” caralho», «falar com eles lá fora» e «fazê-los baixar a bolinha»;
4. Incitar ao arremesso de pedras à cabeça das entidades fiscalizadoras;
5. Dar bofetadas a Professores Catedráticos com idade inferior à do Prof. Pires Manso (este parece estar excluído por questões de idade).

É este o estilo defendido e praticado pelo nosso Presidente de Câmara, Dr. António Carlos Ferreira Rodrigues de Figueiredo. Um presidente sem norte, sem ponderação, sem capacidade de suportar a crítica. Um presidente sem estilo.

3 comentários:

  1. Mais do que falta de estilo, o ACF tem falta de ideias e contra isso não há marketing político que o salve.

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  2. E é por votarmos em presidentes "democráticos" como este que a nossa terra há-de continuar sempre um atraso de vida...

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  3. Entre José Carlos e António Carlos, Pedro Bandeira Pinho declarou na Rádio Lafões que votaria no segundo pois este tinha um projecto com que se identificava.

    Está bom de ver que não é com esta "juventude" que vamos lá.

    O post inicial de José Carlos Almeida, diga-se em abono da verdade, também não acrescenta mais.

    Importa dar a conhecer quais as "coisas concretas" que realizarão o seu projecto.

    Pólos industriais, reanimar o turismo, promover o comércio, etc. qualquer um diz ou promete.

    Onde localizará o pólo industrial?

    Como vai convencer os próprios sampedrenses a consumir na sua cidade?

    Como atrairá turistas se além de água quente não temos mais nada que satisfaça as necessidades de um mercado cada vez mais exigente?

    Como vai conseguir impedir a saída dos mais jovens invertendo o processo de envelhecimento do Concelho?

    Com que podem contar os agricultores para que o fruto do seu trabalho seja mais compensador?

    Que ideias tem para combater a pobreza cultural do concelho?

    Como pensa requalificar o Rio Vouga e o Rio Sul?

    Quando e como vai arranjar a nossa cidade?

    Os peões terão de continuar a caminhar na rodovia por quase total ausência de passeios?

    Que soluções tem para o estacionamento caótico e falta de civismo?

    São estas perguntas e outras tantas que precisam de resposta. Se o Dr. José Carlos Almeida explicar "como" vai fazer tal ganhe o meu voto.

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